Publicado em 07/06/2017
Divórcio conflituoso de pais prejudica saúde de filhos por décadas, diz estudo
Para o estudo, adultos saudáveis foram expostos a vírus que causa resfriado. Aqueles cujos pais passaram por separação traumática tinham 3 vezes mais risco de adoecer.
Filhos cujos pais passaram por divórcios traumáticos ficam mais vulneráveis a doenças, segundo estudo.
Quando as crianças vivenciam um divórcio ou separação conflituosa de seus pais, a situação parece prejudicar sua saúde por décadas, até a idade adulta, disseram pesquisadores nesta segunda-feira (5).
O estudo, publicado na revista científica americana
"Proceedings of the National Academy of Sciences" (Pnas), foi feito
com 201 adultos saudáveis que concordaram em ser colocados em quarentena,
expostos a um vírus que causa o resfriado comum e monitorados por cinco dias.
Aqueles cujos pais se separaram e não se falaram durante
anos eram três vezes mais propensos a adoecer, em comparação com aqueles cujos
pais se separaram mas permaneceram em contato durante o crescimento das
crianças.
Pesquisas anteriores mostraram que os adultos cujos pais se
separaram durante sua infância têm um risco aumentado de ter a saúde mais
fraca.
O último estudo mostrou que este risco maior de contrair
doenças se deve, ao menos em parte, a uma inflamação aumentada em resposta a
uma infecção viral, segundo o artigo.
"As experiências estressantes no início da vida fazem
algo com a nossa fisiologia e processos inflamatórios que aumenta o risco de
uma saúde mais fraca e doenças crônicas", disse Michael Murphy, associado
de pesquisa de pós-doutorado em psicologia na Universidade Carnegie Mellon.
"Este trabalho é um avanço na nossa compreensão de como
o estresse familiar durante a infância pode influenciar a susceptibilidade de
uma criança a doenças 20-40 anos depois", acrescentou.
O estudo também mostrou que os filhos adultos de pais que se
separaram mas ficaram em contato não eram mais propensos a ficar doentes do que
os filhos adultos de famílias intactas.
"Nossos resultados visam o sistema imunológico como um
importante portador do impacto negativo a longo prazo do conflito
familiar", disse Sheldon Cohen, coautor e professor de psicologia.
"Eles também sugerem que os divórcios não são todos
iguais, e que a comunicação contínua entre os pais amortece os efeitos
deletérios da separação nas trajetórias de saúde das crianças", completou.