Publicado em 09/06/2017
Relator vota pela cassação da chapa Dilma-Temer no julgamento do TSE
Herman Benjamin foi o primeiro a votar entre os sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Ele considerou pertinentes as acusações de abuso de poder político e econômico.
A pós quase quatro horas de exposição nesta sexta-feira (9),
o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), votou pela
cassação da chapa Dilma-Temer.
Relator do processo que investiga a campanha de 2014,
Benjamin foi o primeiro a votar no julgamento sobre o mérito do caso. "Meu
voto é pela cassação da chapa presidencial eleita em 2014 pelos abusos que
foram apurados nesses quatro processos", afirmou o ministro.
Após o voto do relator, a sessão foi suspensa para um
intervalo de almoço. Depois do intervalo, votarão os outros seis ministros.
Depois de um debate entre os ministros sobre a validade dos
depoimentos colhidos após a apresentação da ação, Benjamin começou a apresentar
o voto na tarde desta quinta-feira. Ele se manifestou até as 20h03, horário em
que o julgamento foi suspenso. Na retomada, nesta sexta, o ministro deu
continuidade às 9h28 e anunciou o voto às 13h19.
Ele considerou pertinentes as acusações de abuso de poder político e econômico na disputa, que teriam desequilibrado o pleito em favor da chapa vitoriosa.
A decisão final sobre o mandato de Temer e a inegibilidade
de Dilma depende ainda dos votos de outros seis ministros do TSE: Napoleão
Nunes Maia Filho, Admar Gonzaga, Tarcísio Neto, Luiz Fux, Rosa Weber e Gilmar
Mendes.
Petrobras
Durante seu voto, Benjamin entendeu que a primeira
demonstração de abuso foi a acumulação ao longo do tempo, por PT e PMDB, de
recursos de propina paga por empreiteiras contratadas pela Petrobras, usados
posteriormente, segundo a acusação, no momento da disputa eleitoral.
“Os partidos que encabeçaram a coligação Com a Força do Povo
acumularam recursos de ‘propina-gordura’, ou ‘propina-poupança’, que lhes
favoreceram na campanha eleitoral de 2014. Trata-se de abuso de poder político
e ou econômico em sua forma continuada, cujos impactos sem dúvida são sentidos
por muito tempo no sistema político eleitoral”, afirmou.
O ministro também considerou ter ocorrido abuso num episódio
envolvendo o pagamento de US$ 4,5 milhões ao casal de marqueteiros João Santana
e Mônica Moura, a partir de uma propina paga pelo Grupo Keppel Fels para obter
contratos de construção de navios-sonda para a Petrobras e a Sete Brasil.
“Temos uma contratante da Petrobras, temos pagamento tirado
de um crédito rotativo, de uma conta poupança de propina da Keppel Fels para o
partido do governo, e esses recursos foram utilizados para pagamento de
marqueteiros de 2014. Que os pagamentos sejam relacionados a débitos de 2010,
2012, isso é irrelevante, porque sem esses pagamentos, os marqueteiros não
fariam a campanha de 2014”, afirmou o relator.
Uma terceira prova de abuso estaria no repasse da Keppel
Fels para o PT, que, por sua vez, repassava para a campanha de Dilma em 2014.
“O partido foi apenas uma espécie de entreposto entre quem efetivamente estava
pagando e quem efetivamente estava se beneficiando”.
Sobre esses três pontos, o ministro insistiu tratavam-se de
repasses à campanha com dinheiro oriundo da Petrobras, para reforçar a tese de
que não teria extrapolado o que foi pedido para ser investigado na ação do
PSDB. A ampliação da investigação para incluir casos envolvendo a Odebrecht é
um dos principais questionamentos das defesas para anular provas do processo e
esvaziar o caso.
“Nós estamos falando aqui só de contratos da Petrobras.
Estou fazendo essa leitura até cansativa, pulando páginas e páginas, mas apenas
para demonstrar meu compromisso com aquilo que é o polo central da petição
inicial, a Petrobras”, disse o ministro.