Publicado em 20/06/2017
Comissão rejeita texto da Reforma Trabalhista
Mesmo assim, a reforma seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça. Segundo líder do governo, a derrota 'nada muda' no plano do Planalto de aprovar o texto.
'Olha o machismo e se cuida, tá?', diz Marta Suplicy a Lindbergh Farias.
Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado rejeitou nesta
terça-feira (20), por 10 votos a 9, o relatório da reforma trabalhista
elaborado pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que era favorável ao texto
aprovado pela Câmara.
No lugar do parecer de Ferraço, a comissão aprovou um texto
alternativo, do senador oposicionista Paulo Paim (PT-RS). O relatório de Paim
recomenda a rejeição integral da reforma.
O resultado representa uma derrota para o governo Michel
Temer, que vê na reforma trabalhista uma das principais medidas para a área
econômica.
Apesar de o texto do governo ter sido rejeitado na Comissão
de Assuntos Sociais, a reforma trabalhista ainda vai passar pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) e, por fim, pelo plenário do Senado.
Segundo a Mesa Diretora do Senado, os relatórios da CAE, CAS
e CCJ vão servir de orientação para a votação em plenário. O texto que vai ser
analisado em plenário é a matéria que veio da Câmara.
Após o fim da sessão na CAS, o líder do governo no Senado,
Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o resultado “não deixa de ser uma derrota”
para o governo. Na avaliação dele, porém, “nada muda”, porque os três
relatórios – da CAE, da CAS e da CCJ – serão enviados a plenário e analisados
separadamente.
“Os três relatórios irão para o plenário. Não muda nada, não
muda a posição do governo, não muda o plano de aprovar”, disse.
Para Jucá, o governo perdeu votos na comissão com a ausência
do senador Sérgio Petecão (PSD-AC) e os votos contrários de Otto Alencar
(PSD-BA), Hélio José (PMDB-DF) e Eduardo Amorim (PSDB-SE), todos da base do
governo.
A reforma foi enviada ao Congresso pelo presidente Michel
Temer no ano passado. Um dos principais dispositivos do projeto é estabelecer
pontos que poderão ser negociados entre patrões e empregados. Em caso de acordo
coletivo, esses pontos passam a ter força de lei.
No Senado, o texto já havia sido aprovado pela Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE). Na última terça-feira (13), o relator Ricardo
Ferraço leu parecer favorável à aprovação da reforma. Ele rejeitou todas as
emendas que haviam sido apresentadas ao texto e manteve todo teor do projeto
que foi aprovado pela Câmara.
Sessão tumultuada
A sessão da Comissão de Assuntos Sociais teve momentos de
debates acalorados entre senadores desde o início.
Logo que a sessão foi aberta, o senador Lindbergh Farias
(PT-RJ) fez críticas à votação do projeto em um momento que, para ele, é
inoportuno, porque o Brasil passa por uma crise. “Não vamos dar ares de
normalidade ao que está acontecendo aqui. Isso é um escândalo”.
A presidente da comissão, Marta Suplicy (PMDB-SP), respondeu
em tom ríspido e, ao ser confrontada com um pedido de “calma”, afirmou que não
tinha que se acalmar. Em seguida, ela disse para Lindbergh: "Olha o
machismo e seu cuida, tá?"
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que fez discurso contrário
à aprovação do parecer de Ferraço, também bateu boca com a presidente da
comissão. Para ela, Marta Suplicy, que veio do PT, estaria incomodada em
conduzir a aprovação do projeto. “Se a senhora está incomodada, retire-se da
comissão”, afirmou. Marta respondeu que não está incomodada e que faz o
trabalho de presidente do colegiado.