Publicado em 30/06/2017
Risco de zika diminuiu, mas grávidas precisam manter atenção contra a doença
Mesmo com queda no número de casos, vírus que causou epidemia em 2016 ainda não desapareceu totalmente das regiões onde há risco.
Vírus da zika causa microcefalia em bebês, entre outras malformações.
O vírus da zika pode não parecer uma ameaça tão grande
quanto no último verão, mas não se pode baixar a guarda -- principalmente para
quem está grávida ou tentanto ter um bebê.
Enquanto os registros do vírus que causa malformações congênitas
caíram fortemente em relação ao pico da doença no ano passado em partes da América
Latina e do Caribe, o zika não desapareceu totalmente da região e continua uma
ameaça em potencial.
É difícil prever qual é o risco que as pessoas enfrentam em
locais com a infecção latente, ou se os casos podem voltar a aumentar
novamente. Por enquanto, as mulheres grávidas ainda estão sendo aconselhadas a
não viajar para países ou áreas com casos relatados de zika, porque as consequências
podem ser desastrosas para o cérebro do bebê.
"Faz parte da nova realidade", disse o doutor
Martin Cetron, dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados
Unidos (CDC, em inglês).
Aquelas que querem engravidar, junto com seus parceiros, são
aconselhadas a verificar com um médico sobre o tempo necessário antes de
visitar um local com infecção ativa do zika.
Há perguntas que ainda persistem sobre o risco do vírus além
da gravidez, o suficiente para pesquisadores dos Estados Unidos começarem a estudar
bebês para entender se a infecção após o nascimento também pode prejudicar o cérebro.
Incerteza de uma nova temporada.
No último mês, Brasil e Porto Rico, países atingidos com força
no ano passado, declararam que suas epidemias acabaram. No entanto, um número
menor de infecções continua ocorrendo nessas regiões, de acordo com os CDC e a
Organização Pan-americana da Saúde.
"O zika ainda não foi embora", disse a médica Anne
Schuchat, dos CDC. "Não podemos nos dar ao luxo de relaxar".
O registro de zika em mulheres grávidas nos Estados Unidos
soma 1.963 casos que tiveram testes de laboratório confirmados para a infecção,
desde que as autoridades começaram a contar em 2016. Outros 4.107 casos
ocorreram em territórios do país.
Desde o início de junho, 271 grávidas foram adicionadas aos
registros de zika, 80 delas nos Estados Unidos e o restante dos territórios,
embora não seja confirmada a região da infecção.
E o restante das pessoas que não estão em gestação? Os CDC
contaram 140 casos de zika em estados dos Estados Unidos, todos apresentaram os
sintomas da doença. A grande maioria, no entanto, não percebe os sintomas, mas
ainda são potenciais "espalhadores" do vírus, caso sejam picados por
um dos mosquitos transmissores.
Não há tratamento para o zika.
Efeitos ainda não são 100% conhecidos
Os bebês nascidos de mães infectadas podem sofrer graves
malformações relacionadas ao cérebro, mesmo que não ocorram os sintomas. As
cabeças ficam anormalmente pequenas, o que é a chamada microcefalia, o defeito
mais preocupante. As crianças também podem ter perda de visão ou audição,
convulsões, problemas para engolir ou movimentar alguns dos membros. A infecção
também pode levar ao aborto espontâneo ou morte do feto.
Qual é o risco? Cerca de 1 em cada 20 mulheres que contraem
o zika tem bebês com malformações congênitas, de acordo com os dados coletados
até agora. O risco maior ocorre no primeiro trimestre de gravidez, mas também há
registro de malformações no terceiro trimestre.
Outro problema assustador: alguns bebês aparecem bem no
nascimento, mas desenvolvem problemas de saúde mais tarde. E se o zika pode
prejudicar o cérebro em desenvolvimento de um recém nascido? Afinal, uma forma
de zika causar dano é atacando o desenvolvimento de células cerebrais que
existem mesmo após o nascimento.
Para tentar descobrir isso, os Institutos Nacionais de Saúde
dos Estados Unidos (NIH, em inglês) financiam um estudo na Guatemala, onde o
zika está se espalhando, e estão rastreando 500 recém-nascidos e 700 crianças
de 1 a 5 anos.
"Nossa preocupação é que o cérebro em desenvolvimento e
no início da vida possa ser impactado de forma significativa", disse Flor
Munoz, da Faculdade de Medicina Baylor, que está entre os líderes do estudo.
"É uma questao importante abordar não apenas em crianças de áreas de
epidemia, mas também para as crianças que viajam para estes locais".