Publicado em 30/06/2017
Ministro do STF libera retorno de Aécio ao Senado e nega pedido de prisão
Plenário do STF na última sessão do semestre.
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou nesta sexta-feira (30) o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) das funções parlamentares. Com isso, Aécio poderá retomar as atividades no Senado.
Na mesma decisão, o magistrado negou um
pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) para prender o senador.
A Secretaria-Geral do Senado informou que o
presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), foi notificado da determinação
do STF e que Aécio já pode retornar ao trabalho. Não é necessário nenhum outro
trâmite, segundo a secretaria.
Aécio havia sido afastado em maio por
determinação do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, após a
Operação Patmos, fase da Lava Jato baseada nas delação da JBS.
A Procuradoria
Geral da República apontou risco de o senador usar seu poder para atrapalhar as
investigações e havia pedido a prisão de Aécio. No entanto, Fachin entendeu que
a Constituição proibia a prisão do parlamentar e determinou o afastamento.
O caso de Aécio ficou com o ministro Marco
Aurélio após Fachin fatiar as investigações da delação da JBS. A defesa de Aécio
havia entrado com um recurso no tribunal e desde então ele aguardava uma decisão
para saber se poderia retomar as atividades de senador.
O ministro também
derrubou outras restrições aplicadas ao senador, como a proibição de falar com
outras pessoas investigadas junto com Aécio – como sua irmã, Andrea Neves – e
também de deixar o país.
Ao atender pedido da
defesa, Marco Aurélio reproduziu voto que daria numa sessão do último dia 20,
quando a Primeira Turma do STF decidiria, de forma conjunta, por cinco
ministros, a situação do senador. No entanto, a turma não definiu o caso.
Em vez de aguardar a
deliberação do colegiado, o que poderia ocorrer só em agosto, em razão do
recesso do Judiciário em julho, Marco Aurélio decidiu sozinho nesta sexta.
Na decisão, o
ministro contestou os argumentos da PGR de que Aécio usaria o poder do cargo
para interferir nas investigações. A procuradoria mencionava, por exemplo,
conversas do senador com críticas ao ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio. Aécio
também criticava tentativas de aprovar projetos de lei que anistiavam o caixa 2
e endurecia punições a juízes e procuradores por abuso de autoridade.
“Críticas à atuação do Ministro da Justiça são normais, esperadas e, até
mesmo, decorrentes do exercício legítimo da função do Legislativo, não
revelando perigo concreto de influência nas atividades do Presidente da República
ou de embaralhamento de investigações em curso", escreveu Marco Aurélio.