Publicado em 03/07/2017

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Cabral recebia 'prêmios' por reajustes em tarifas de ônibus, aponta MPF

Esquema de corrupção atuava há 26 anos nos transportes do RJ. Operação Ponto Final prendeu 10 suspeitos, incluindo Jacob Barata Filho, que estava embarcando Portugal.


Procuradora diz que pagamentos a Cabral continuaram após prisão de operador financeiro.


O esquema de corrupção envolvendo o transporte público rodoviário no Rio de Janeiro é um dos mais antigos no estado e, segundo o procurador da República Eduardo El Hage, mesmo depois de deixar o cargo, o ex-governador Sérgio Cabral e sua quadrilha continuavam se beneficiando dos valores desviados indevidamente. De acordo com as investigações, Cabral cobrava para conceder reajustes de tarifas de ônibus.

A gente tem informação que o Sérgio Cabral, mesmo após ter largado o governo em 2014, ele manteve uma influência política decisiva e tinha muitos créditos a obter da Fetranspor, em razão das negociatas que ele fez durante o seu governo. Então, sempre que havia um reajuste o Sérgio Cabral recebia prêmios da Fetranspor e ele distribuía esses prêmios entre a organização criminosa dele.

Importante dizer que esse é um dos esquemas criminosos mais antigos existentes no estado e, ao mesmo tempo, um dos mais maléficos, pois prejudica a população de baixa renda e paga tarifas além do que seriam as tarifas justas e adequadas, em razão do pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos
, afirmou El Hage.

 

Através das propinas que eram pagas para o TCE e para o poder executivo, os empresários conseguiam diversos benefícios, como a ausência de licitação, o reajuste do valor das passagens e isenções fiscais no IPVA e ICMS do diesel, por exemplo. Para os investigadores, a organização criminosa que atua no setor de transportes também mostram indícios de "cartelização".

 

O objetivo da propina era garantir benefícios fiscais e tarifários na atividade de transporte. "Foi descoberta a participação de mais um agente público no esquema, que foi o Rogério Onofre. A ação dele atingia de forma direta as empresas que faziam transporte intermunicipal no Estado.

Estamos investigando a concessão de aumentos dos preços de passagem acima do permitido. Por exemplo, quando uma passagem deveria ser reajustada em 2%, ele permitia um aumento de 7%", explicou a procuradora Mariza Ferrari.

Nesta segunda, a Polícia Federal (PF) realizou mais uma etapa da operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Os agentes foram às ruas para para cumprir oito mandados de prisão preventiva, dos nove que foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Desses, apenas dois não foram cumpridos. Segundo a PF, estão sendo traduzidos documentos para que seja enviado, ainda hoje, uma informação para a Interpol com os nomes dos dois foragidos.

Um mandado contra Jacob Barata Filho, um dos maiores empresários do ramo de ônibus do Rio, já havia sido cumprido na noite deste domingo (2) no aeroporto Galeão. Também foram expedidos três mandados de prisões temporárias e todos foram cumpridos.

"Essa operação não nos surpreende na medida em que os esquemas do senhor Sergio Cabral e dos seus liderados já passaram pela Secretaria de Obras, já passaram pela Secretaria de Saúde, agora estamos falando do setor de transportes e, portanto, nessa medida o que a gente tem a reconhecer desses fatos é que ele loteou toda a estrutura governamental, todas os contratos foram objetos de pagamento de propina pra sua realização", explicou o procurador da República, Leonardo Freitas.

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