Publicado em 04/07/2017
Pesquisa da Unicamp diz que a jabuticaba e o jambo-vermelho atuam na prevenção de doenças
Tese de doutorado da pesquisadora Ângela Giovana Batista aponta ainda que eles também têm bom desempenho para memória e o aprendizado.
A pesquisadora Ângela Giovana Batista na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp.
Pesquisa da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp
aponta que a jabuticaba e o jambo-vermelho têm propriedades que podem prevenir
doenças crônicas, além de melhora no aprendizado e memória.
A tese de doutorado foi desenvolvida pela pesquisadora Ângela
Giovana Batista, com orientação dos professores Mário Roberto Maróstica Júnior
e Maria Alice da Cruz Höfling.
Desde 2008, o grupo de pesquisas “Compostos
Bioativos, Nutrição e Saúde” da universidade já vinha
estudando frutas vermelhas e suas propriedades medicinais.
Sobre a jabuticaba, a nutricionista ressaltou em entrevista
ao G1 o fato da casca não ser muito aproveitada na culinária e ter compostos
significativos à saúde.
“A jabuticaba é um fruta muito
apreciada pelo sabor adocicado da sua polpa, porém a casca é muitas vezes
descartada durante o consumo e não incorporada em preparações culinárias.[..]
Eu participo do grupo desde 2011, e em meu mestrado obtivemos achados
importantes, indicando compostos antioxidantes ativos (antocianinas e
elagitaninos) na casca seca da fruta com propriedades benéficas à saúde.
E por
isso decidimos continuar a pesquisa no doutorado”,
explica Ângela.
Os estudos de doutorado apontaram que o uso da jabuticaba
pelo período de dez semanas em animais preveniram os marcadores da obesidade.
“De forma mais acentuada que a
ingestão de jambo, a casca da jabuticaba mostrou maior potencial de prevenção
das doenças advindas com a obesidade”, descreve ela.
Pesquisa da Unicamp aponta propriedades medicinais do jambo-vermelho e da jabuticaba.
Sobre o jambo-vermelho, a pesquisadora pontua se tratar de
uma fruta tropical pouco conhecida no Brasil, com produção alta em sua safra,
mas pouco comercializada. A casca é vermelha e a polpa tem sabor ácido e
adocicado.
“No intuito de valorizar o consumo
desta fruta, fizemos testes preliminares e detectamos compostos importantes para
a saúde, como fibras alimentares, e compostos antioxidantes (que também estão
presente na jabuticaba) como as antocianinas (pigmento vermelho, natural de
algumas plantas) e taninos.
Foi a partir destes resultados que decidimos utilizá-la
em outros testes para verificar se estes compostos mostraram efeitos para a saúde
e assim promover o seu consumo”, destaca Ângela.
Ainda sobre o jambo, a pesquisadora da Unicamp revela que
baseados na composição química e nutricional, a casca e a polpa foram secas e
incorporadas em dietas com baixa e alta concentração de gordura nos animais.
“Após um tratamento de 10 semanas,
os animais de laboratório mostraram melhoras na resistência à insulina periférica
(estágio em que a captação de glicose é defeituosa devido insensibilidade das células
à ação da insulina), diminuição de marcadores pro-inflamatórios e aumento da
defesa antioxidante (aquela que combate os radicais livres do organismo). Estes
quadros estariam ligados ao desenvolvimento de doenças crônicas, como a
obesidade e o diabetes do tipo 2”, aponta.
Ao G1 a pesquisadora disse que a ingestão regular da farinha
da fruta poderia prevenir o desenvolvimento destas doenças.
Memória
A pesquisa desenvolvida na faculdade de Engenharia de
Alimentos também comprovou benefícios das frutas no que diz respeito à memória.
Os animais foram submetidos a um teste aquático de memória,
conhecido como Labirinto Aquático de Morris. Os animais eram treinados em uma
piscina para encontrar uma plataforma de escape, que estava escondida.
Com a retirada da plataforma de escape, os pesquisadores
detectaram que os animais que consumiram o material das frutas nadavam mais
tempo no local onde a saída estava.
Já os que não consumiram nadavam sem direção. “Os
animais que consumiram as frutas mostraram assim melhor desempenho de
aprendizado e memória”, reforça Ângela Batista.
Aprendizado e Alzheimer
O consumo dos materiais das frutas nos camundongos em testes
também comprovou maior sensibilidade à insulina no hipocampo dos animais, região
do cérebro responsável por atividades cognitivas, como o aprendizado e a memória,
segundo a pesquisa da nutricionista Ângela Batista.
Ainda segundo ela, a
sinalização correta da insulina no hipocampo está relacionada à sobrevida dos
neurônios. “Além disso, a maior sensibilidade
à insulina no hipocampo está ligada à prevenção de marcadores da doença de
Alzheimer”, finaliza.