Publicado em 25/07/2017
Juiz do DF manda suspender decreto que aumentou tributos sobre combustíveis
Aumento foi anunciado pelo governo na semana passada e atingiu gasolina, etanol e diesel. AGU diz que vai recorrer da decisão.
Justiça do DF manda suspender aumento do PIS Cofins sobre combustíveis.
O juiz substituto Renato Borelli, da 20ª Vara Federal de
Brasília, determinou nesta terça-feira (25) a suspensão imediata do decreto
publicado na semana passada pelo governo e que elevou a alíquota de PIS/Cofins
que incide sobre a gasolina, o diesel e o etanol.
Procurada, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que vai
recorrer da decisão assim que for notificada.
A decisão liminar (provisória) vale para todo o país e
atendeu a pedido feito em uma ação popular, movida pelo advogado Carlos
Alexandre Klomfahs.
Apesar de determinar a suspensão imediata do decreto,
tecnicamente a decisão só vale quando o governo for notificado. A decisão também
determina o retorno dos preços dos combustíveis.
O aumento começou a valer na sexta (21). Segundo o governo,
a tributação sobre a gasolina subiu R$ 0,41 por litro e mais que dobrou: passou
a custar aos motoristas R$ 0,89 para cada litro de gasolina, se levada em
consideração também a incidência da Cide, que é de R$ 0,10 por litro.
A tributação sobre o diesel subiu em R$ 0,21 e ficou em R$
0,46 por litro do combustível. Já a tributação sobre o etanol subiu R$ 0,20 por
litro.
Borelli
aponta que a decisão do governo de elevar a tributação sobre os combustíveis
via decreto é inconstitucional. De acordo com o juiz federal, "o
instrumento legislativo adequado à criação e à majoração do tributo é, sem exceção,
a Lei, não se prestando a tais objetivos outras espécies legislativas."
Ele aponta que a medida do governo prejudica o consumidor e não respeitou o princípio segundo o qual nenhum tributo será cobrado antes de noventa dias da publicação da lei que o instituiu ou aumentou.
"Não
pode o Governo Federal, portanto, sob a justificativa da arrecadação, violar a
Constituição Federal, isto é, violar os princípios constitucionais, que são os
instrumentos dos Direitos Humanos", afirma Borelli na decisão.
Contas públicas
no vermelho
Com o
aumento da tributação sobre os combustíveis, o governo espera uma receita
adicional de R$ 10,4 bilhões no restante de 2017. O objetivo da medida foi
elevar a arrecadação federal, que neste ano tem ficado abaixo da esperada.
Por conta
da baixa arrecadação, o governo enfrenta dificuldades para cumprir a meta
fiscal deste ano, que é de déficit (despesas maiores que receitas) de R$ 139
bilhões.
Junto com o
aumento na tributação dos combustíveis, o governo anunciou o bloqueio de R$ 5,9
bilhões do orçamento de 2017.
De acordo
com a Receita Federal, no primeiro semestre a arrecadação cresceu 0,77%. O resultado
positivo, porém, se deu pelo aumento das receitas do governo com royalties
pagos por empresas que exploram petróleo no país - a receita com impostos e
contribuições caiu 0,20% no período.