Publicado em 28/11/2017

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ONU pede que Brasil envie soldados de paz para República Centro-Africana

Conselho de Segurança da ONU aprovou o envio de mais 900 soldados para proteger país. Chefe das operações de manutenção de paz elogiou trabalho brasileiro recém-encerrado no Haiti: 'Brasil tem um grande grau de conhecimento e profissionalismo'.


O chefe das operações de manutenção de paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, durante entrevista à agência Reuters em Brasília, na segunda-feira (27) (Foto: Reuters/Adriano Machado)


A Organização das Nações Unidas pediu ao Brasil que envie tropas para se juntar à missão de paz na República Centro-Africana, disse Jean-Pierre Lacroix, chefe das operações de manutenção de paz da ONU, em entrevista nesta segunda-feira (27).


O Conselho de Segurança da ONU aprovou neste mês o envio de mais 900 soldados da paz para proteger civis no país, onde a violência entre muçulmanos e cristãos irrompeu em 2013.


Lacroix afirmou que a violência aumentou no leste, em grande parte devido a um vácuo de segurança deixado pela saída das tropas da Uganda, que haviam sido parte de uma força-tarefa separada da União Africana apoiada pelos EUA, que rastreava rebeldes do Exército de Resistência do Senhor.


O pedido por tropas do Brasil, que acaba de encerrar uma missão de 13 anos no Haiti, deve ser ratificado pelo presidente Michel Temer e aprovado pelo Congresso.


"O Brasil tem um grande grau de conhecimento e profissionalismo e precisamos definitivamente desse tipo de tropa em nossas operações de manutenção da paz", disse Lacroix à Reuters em Brasília, antes de uma reunião com a mais alta patente das Forças Armadas do país.


As tropas realizaram um trabalho "fantástico, realmente excepcional" no Haiti, onde melhoraram a situação da segurança ao estabelecer uma relação de confiança com a população haitiana e exibiram boa conduta e disciplina, disse ele.


O Brasil está se recuperando de sua pior recessão e um grande déficit orçamentário do governo pode pesar na decisão de enviar mais tropas para o exterior, ainda que a contribuição para a manutenção da paz tenha melhorado a influência internacional do país.


As forças de paz da ONU estão enfrentando pressão dos Estados Unidos pela redução de custos. Washington paga mais de 28 por cento dos US$ 7,3 bilhões anuais do orçamento de manutenção de paz da ONU.


Em junho, a ONU concordou com cortes de US$ 600 milhões para mais de uma dúzia de missões para o ano que encerra em 30 de junho de 2018.


Lacroix afirmou que a missão de paz na Costa do Marfim foi encerrada, o envio de tropas a Darfur, no Sudão, foi reduzido e no próximo ano a operação de paz na Libéria será encerrada.


"Há uma expectativa de sermos prudentes e usarmos nossos recursos da maneira mais economicamente viável que pudermos", disse Lacroix, diplomata francês no cargo desde abril.


Os objetivos políticos e a eficiência de quase todas as 15 operações de paz da ONU estão sob revisão, segundo Lacroix.

br.reuters.com/news