Publicado em 04/04/2018
Médicos do Hospital das Clínicas usam celular para monitorar cirurgias no cérebro
Iniciativa pioneira no mundo surgiu durante a pesquisa de doutorado do médico Maurício Mandel.
Hospital das Clínicas (Imagem: USP)
Uma equipe de médicos do Hospital das Clínicas usa o aparelho celular para monitorar cirurgias no cérebro. Com o telefone acoplado a uma lente e a um endoscópio, os neurocirurgiões fecham aneurismas, removem coágulos e tratam pacientes com hidrocefalia.
A iniciativa pioneira no mundo surgiu durante a pesquisa de doutorado do médico Maurício Mandel.
O trabalho foi divulgado no Journal of Neurosurgery, a publicação mais importante da área. O estudo destacou que todos os procedimentos foram bem sucedidos.
Os médicos descobriram vantagens em relação à endoscopia tradicional.
"No equipamento tradicional, você tem que focar a sua atenção no paciente, no campo cirúrgico, mas trocar essa atenção pra tela”, explica Mandel, neurocirurgião do Hospital das Clínicas. Você tira duas dúvidas na tela e foca de volta no campo cirúrgico e esse movimento é repetido diversas vezes durante o procedimento. Voltar o foco o cirurgião e deixar ele exclusivamente no paciente, porque a tela do celular permite isso, quer dizer, você nunca tira atenção pro campo cirúrgico, isso tornou o procedimento mais fluido, seguro, intuitivo, muito diferente do que era feito antes em neuroendoscopia."
O equipamento tradicional de endoscopia custa de R$ 200 mil a R$ 300 mil. O celular e o adaptador juntos saem por apenas seis mil reais. A ideia agora é baratear esse tipo de procedimento e torná-lo acessível em hospitais com menos estrutura, no Brasil e no mundo.
Mais de 150 cirurgias já foram feitas pelos pesquisadores da USP.
Max Antônio dos Santos, auxiliar administrativo, foi um dos primeiros pacientes submetidos à nova técnica. Ele se curou de um aneurisma.
"Para mim foi um sentimento de alívio", afirmou. "Então assim, é tanto importante para nós da sociedade e pra tecnologia também, porque isso vai mostrar tanto pra gente aqui do Brasil e pro mundo afora aí."
A nova técnica virou notícia em países como Polônia, França e Indonésia. "Com ideias diferentes a gente consegue com certeza diminuir alguns custos e tornar isso muito mais disponível no brasil inteiro", disse o neurocirurgião.