Publicado em 05/09/2018
Emissão de carteiras de trabalho a imigrantes cresce 77% no Brasil
Alta foi puxada por venezuelanos. Sem eles, alta seria de apenas 5%
Venezuelanos refugiados garantem carteira de trabalho em Belém (Foto: Alexandre Baena/SRT-PA)
O número de carteiras de trabalho e previdência emitidas para imigrantes no segundo trimestre de 2018 aumentou 77% na comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, se os trabalhadores venezuelanos forem desconsiderados, o aumento passa a ser de 5%.
É o que aponta cálculo feito pelo G1 com base em dados divulgados na segunda-feira (3) pelo Ministério do Trabalho. Segundo o relatório, foram emitidas no segundo trimestre de 2018 16.225 mil carteiras de trabalho para imigrantes, contra 9.172 mil no mesmo período do ano anterior.
Considerando apenas os venezuelanos, o número de carteiras de trabalho mais que quadruplicou no mesmo período. Foi de 2.205 no segundo trimestre de 2017 para 8.910 no ano seguinte, um aumento de 304%.
“Quando um imigrante entra regularmente no Brasil, um dos primeiros documentos que ele faz é a carteira de trabalho. Isso permite que, ao ingressarem no mercado, eles já o façam formalmente. Daí esse crescimento da presença dos trabalhadores da Venezuela nessa estatística”, explicou em nota o coordenador-geral de Imigração do Ministério do Trabalho, Hugo Gallo.
O número de venezuelanos vivendo no Brasil vem aumentando consideravelmente em meio ao agravamento da crise no país vizinho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30,8 mil venezuelanos vivem no Brasil atualmente. Destes, aproximadamente 10 mil cruzaram a fronteira somente nos seis primeiros meses de 2018.
Saldo de vagas
Mesmo com o forte aumento na emissão de carteiras para venezuelanos, os imigrantes do Haiti continuam liderando no ranking de movimentação de trabalhadores migrantes no mercado de trabalho formal.
No segundo trimestre, o saldo de vagas (ou seja, a diferença entre o número de pessoas contratadas e o número de demitidas) ocupadas por haitianos ficou positivo em 1.468. Isso representa 61% do total de 2.406 postos criados para imigrantes no mercado formal de trabalho.
Já o número de vagas criadas que foram preenchidas por trabalhadores venezuelanos foi de 802, ou 33% do total.
“Houve um momento em que o grande fluxo de entrada no país foi dos haitianos, logo após o terremoto que devastou o país. Agora, estamos vendo uma grande entrada dos venezuelanos. Isso promove reflexos no mercado de trabalho”, disse em nota o coordenador-geral de Imigração do Ministério do Trabalho, Hugo Gallo
Perfil dos contratados
Os profissionais com nível médio completo são maioria entre os que preencheram as novas vagas de trabalho preenchidas por imigrantes. Dos 2.406 novos postos, 1.259 foram ocupados por pessoas com esse nível de escolaridade – o que representa 52%.
A ocupação que criou mais vagas para imigrantes no segundo trimestre foi a de alimentador de linha de produção, com 393 postos, seguido pela de faxineiro, com 287 postos. Segundo o MTE, as empresas que mais contratam são as de abate de aves, frigoríficos de suínos, limpeza em prédios e domicílios, restaurantes e comércio varejista, sobretudo supermercados.