Publicado em 09/01/2019
Brasil deixa pacto de migração da ONU
Refugiados venezuelanos na fronteira com o Brasil.
Bolsonaro justifica medida afirmando que "Brasil é soberano" para decidir sobre migrantes. Assinado por mais de 160 países, acordo não é vinculativo, ou seja, não prevê punições para os signatários que não o cumprirem.O Ministério das Relações Exteriores pediu nesta terça-feira (08/01), através de telegrama, que os diplomatas brasileiros comuniquem às Nações Unidas a saída do Brasil do Pacto Global para a Migração da ONU.
No documento, o Itamaraty solicita às missões do Brasil na ONU e em Genebra que informem o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o diretor-geral da Organização Internacional de Migração, António Vitorino, que o Brasil se dissocia do Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular.
O documento acrescenta também que o Brasil não deverá participar de qualquer atividade relacionada com o pacto ou sua implementação.
O presidente Jair Bolsonaro confirmou a revogação da adesão
do Brasil ao Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular pela sua
conta no Twitter, nesta quarta-feira. "O Brasil é soberano para decidir se
aceita ou não migrantes", disse o presidente. "Não ao pacto migratório."
Em seguida, Bolsonaro justificou a decisão. "Quem
porventura vier para cá deverá estar sujeito às nossas leis, regras e costumes,
bem como deverá cantar nosso hino e respeitar nossa cultura. Não é qualquer um
que entra em nossa casa, nem será qualquer um que entrará no Brasil via pacto
adotado por terceiros."
O pacto da ONU diz em seu texto que não viola as soberanias
nacionais e não é legalmente vinculativo, ou seja, não prevê punição para os países
que não cumprirem suas diretrizes. Ele se limita a tratar de questões sobre
como proteger melhor migrantes e integrá-los à sociedade, além de estabelecer
regras para enviá-los de volta a seus países de origem.
O Brasil havia aderido ao pacto em dezembro, no fim do
governo do presidente Michel Temer. Então, o Itamaraty afirmara que o pacto era
"o mais amplo marco de cooperação já criado para uma governança global dos
fluxos migratórios internacionais" e que seria "de grande importância
para a garantia de tratamento digno para os mais de três milhões de brasileiros
que residem no exterior".
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, já havia
afirmado, no início de dezembro, a intenção de abandonar o Pacto Global para a
Migração por considerar que ele é "um instrumento inadequado para lidar
com o problema".