Publicado em 25/04/2019

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OMS anuncia primeiro teste em grande escala de vacina contra malária

Vacina tem proteção parcial contra a doença. Três países africanos receberão doses.


Mosquito Anopheles stephensi é vetor da malária. — Foto: Jim Gathany/CDC/Reuters


A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou nesta terça-feira (23) que iniciará a implementação da primeira vacina contra a malária. A vacina, desenvolvida ao longo de 30 anos, tem proteção parcial contra a doença em crianças pequenas.


O primeiro país a receber doses da vacina será o Malaui. Nas próximas semanas, Gana e Quênia receberão doses também.


Segundo comunicado da OMS, a vacina RTS, S é a primeira e, até hoje, a única vacina que mostra um efeito protetor contra a malária em crianças pequenas e entrará para o calendário de vacinação destes países.


Nos testes, além da proteção parcial, a vacina também conseguiu reduzir a necessidade de transfusões de sangue em 29%. As transfusões são necessárias contra a anemia severa causada pela doença.


A eficácia da vacina foi estabelecida em teste anteriores envolvendo mais de 15 mil crianças da África subsaariana. Ficou comprovado que crianças que receberam 4 doses da vacina tiveram um risco significativamente menor de desenvolver malária.


Segundo a OMS, a malária mata 435 mil pessoas por ano, a maioria delas crianças menores de cinco anos.


“Temos visto ganhos tremendos de mosquiteiros e outras medidas para controlar a malária nos últimos 15 anos, mas o progresso estagnou e até reverteu em algumas áreas. Precisamos de novas soluções para recuperar a resposta da malária, e essa vacina nos oferece uma ferramenta promissora para chegar lá ”, disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.


"A vacina contra a malária tem o potencial de salvar dezenas de milhares de vidas de crianças"-Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.


A doença infecciosa é causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Os sintomas podem incluir febre alta, dor de cabeça, tremores e calafrios.


Quem pode tomar a vacina?

Cerca de 360 mil crianças por ano nos três países escolhidos devem receber as doses da vacina.


São necessárias 4 doses, sendo a primeira dose dada após os cinco meses de idade, seguida das doses 2 e 3 em intervalos mensais e a quarta dose perto dos dois anos de idade.


Segundo a OMS, os efeitos colaterais conhecidos incluem dor e inchaço no local da injeção e febre, efeitos semelhantes às reações de outras vacinas infantis.


Outro efeito relatado foi de convulsões ocasionais em crianças com febre. De acordo com a organização, as crianças que tiveram convulsões após a vacinação se recuperaram completamente e não houve consequências duradouras.


Países selecionados

A OMS explicou como selecionou os três países para o programa de vacinação contra malária. Em dezembro de 2015, a organização pediu que ministérios africanos da saúde interessados em colaborar no programa de implementação da vacina se apresentassem.


Dos dez países que se apresentaram, três foram selecionados para o programa com base em critérios como desejo de participação e programas de malária e imunização que funcionassem bem.


Outros critérios usados foram:

• bom controle da malária e de vacinações infantis

• transmissão de malária de moderada a alta, apesar da boa implementação de intervenções contra a doença

• um número suficiente de crianças pequenas que vivem nas áreas de transmissão da doença onde a vacina será introduzida

• forte pesquisa de implementação ou experiência de avaliação no país

• capacidade de avaliar os resultados de segurança


O programa de vacinação nestes países durará até 2022 e pesquisadores avaliarão seus resultados para uma possível implementação em larga escala.


A farmacêutica GSK é a responsável pelo desenvolvimento e fabricação da vacina e doou 10 milhões de doses de vacina para este teste inicial.

G1.globo.com